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De volta a ser uma guia brasileira na Croácia: costurando uma colcha de retalhos!

É fim de ano, pandemia, mas ainda há turismo em Zagreb! 

Ao retornar a viver na Croácia é incrível perceber as diferenças entre os dois países, as pessoas mais fechadas, a temperatura gelada, as árvores com um pouquinho de gelo e as decorações natalinas. Tentar vivenciar as alegrias de inverno, as temperaturas baixas, sem neve, tem sido um desafio e tanto!

Voltar a guiar aqui é uma experiência única, principalmente, tratando de ser a primeira guia brasileira na Croácia. Quando cheguei em 2008, quase não havia brasileiros e muito menos, turistas da nossa terra por aqui. Tanto mudou nestes anos... novos guias brasileiros, diferentes turistas, a cidade mais moderna e cosmopolita, a pandemia, tudo novo, de certa forma. 

O fato é que é um prazer poder apresentar este país que tenho tanto carinho, que me deu tanto e que respeito muito aos nossos conterrâneos. Por ter voltado ao Brasil por 2 anos e meio, depois de 11 anos de Croácia e agora estar aqui de novo, é muito interessante ver Zagreb com outros olhos e apresentá-la a outras pessoas.

Morar em um lugar diferente nos faz pertencentes à uma cultura. Aprender uma língua e seus costumes, mais ainda. Guiar é diferente, é apropriar-se de uma história de um local e trazer a sua visão para os outros e é isso que tenho feito nesses 9 anos desde que me tornei guia na Croácia. É uma éspecie de costura de fatos, sensações, experiências e percepções.

A experiência de vida que tive nos 11 anos aqui me faz ver a vida como uma colcha de retalhos em que a principal parte, minha vida adulta, foi vivida aqui. Os 8 anos de aula dados na Universidade de Zagreb ensinando a nossa cultura para os estudantes; todas as aulas particulares dadas para croatas, brasileiros e estrangeiros; as pessoas que conheci por este blog; os turistas brasileiros, espanhois, latino americanos, japoneses, chineses, tailandeses, enfim, de diferentes nacionalidades, me fizeram trocar experiências que carrego dentro de mim. Sem falar da maternidade, é claro, que mudou a minha vida, me fez ampliar meus horizontes e escolher mais coisas para trabalhar dentro do meu malabarismo diário: me tornei  terapeuta, Educadora Parental e Doula.

Hoje, após 2 anos e pouco sem guiar tive esta experiência e foi muito gostoso. Contar a história da cidade e redescobrí-la com pessoas que não a conhecem é uma sensação gostosa quando feita em boa companhia e com tempo. Tive sorte de conhecer um casal muito querido de brasileiros! 

Que venham melhores tempos e que consigamos encontrar dentro de nós sentido nas nossas vivências e, por que não, uma certa magia, algo que nos inspire, em tempos tão delicados e difíceis!



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